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Coisas que não dá para engolir

Colheita azeite Costa Doce, 2019. Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital

Azeite rançoso, vinho azedo e leite adulterado são produtos difíceis de engolir. No Brasil, os últimos trinta anos marcaram uma grande evolução na qualidade de alguns produtos. Nossos azeites ganham prêmios internacionais, nossos vinhos são respeitados e nossos queijos fazem sucesso até na França. A abertura do mercado brasileiro para importação na década de 90 ampliou nosso referencial de qualidade e serviu como inspiração para o aperfeiçoamento de algumas categorias de produtos.

Nesses últimos 30 anos, aprendemos também que não basta prestar atenção à qualidade de um produto. É preciso prestar atenção à qualidade do produtor e da cadeia produtiva. Em 1990, diversos ativistas expuseram a presença de trabalho infantil nas fábricas que produziam calçados para a Nike no Oriente. Na época, começava a aumentar a pressão para que empresas tivessem maior “responsabilidade social”.  Era uma questão simples, com uma lógica que eu acho fácil de entender: faz sentido uma empresa promover os esportes, lucrar bastante a ponto de oferecer patrocínios milionários a atletas, cobrar caro pelos seus produtos e fechar os olhos para o fato de que crianças, que deveriam estar na escola, trabalhavam em suas fábricas?

A Nike teve que se posicionar, mudou práticas de contratação de fornecedores e a história se tornou emblemática. Muitas outras empresas tiveram as suas cadeias expostas (no Brasil, por exemplo, Zara e Lojas Marisa) e em comum a todos os casos, estava a resposta: “A culpa é da empresa para quem terceirizamos a produção. A gente não sabia de nada”. Tênis bonito, roupa estilosa, e desculpa esfarrapada.

O conceito de “responsabilidade social” foi se transformando e hoje corre no mercado pelo nome de ESG (Environmental, Social and Governance). A seriedade com que as empresas adotam as práticas ESG é bastante variável. Há todo um mercado de consultoria em volta disso e muita discussão acadêmica, mas é possível resumir o assunto sob uma perspectiva ética. É correto que uma empresa tenha lucro. Lucro é a justa remuneração de um produto ou serviço oferecido para a sociedade. Já a exploração de pessoas de maneiras degradante é algo que começou a cair em desuso, pelo menos do ponto legal, desde que a escravidão foi abolida no Brasil há 135 anos. Durante esse tempo, que é mais curto do que parece, tem aumentado a percepção de que algumas coisas são difíceis de engolir, como a desculpa de que não se sabe o que aconteceu com uma empresa terceirizada na sua cadeia produtiva.

A postura inaceitável das vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi no caso dos trabalhadores encontrados em situação análoga à escravidão me acendeu um alerta: poderia acontecer o mesmo na indústria de olivicultura brasileira? Eu tinha alguns elementos para acreditar que não, mas preferi confirmar minhas hipóteses conversando com o Renato Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura, e com o Luiz Eduardo Batalha, maior produtor de azeites brasileiros.

De acordo com a EMBRAPA, as plantações de uva ocupam 78 mil hectares no Brasil. Só isso dá uma noção da intensa demanda de mão de obra concentrada em períodos específicos do ano. Já os olivais, cuja safra se concentra nos meses de fevereiro e março, ocupam pouco mais que 7 mil hectares. Isso torna a operação de colheita mais gerenciável. O maior produtor, azeites Batalha, contrata no máximo 100 trabalhadores extras para este período. Operações em escala demandam maior atenção e protocolos mais rígidos. No caso das uvas, aparentemente sequer havia protocolo para tratamento de terceirizadas e trabalhadores.

A maior parte dos produtores de azeite possui pequenas propriedades, e a colheita é feita pelos funcionários, familiares e amigos. A contratação é feita diretamente e não há terceirização de mão de obra. O azeite Nina, por exemplo, que acabou de receber a primeira certificação de azeite orgânico do Rio Grande do Sul, é produzido numa propriedade de 4 hectares, com 1.000 árvores. A proprietária, que colheu 20 toneladas nesta safra de 2023, além da família, contratou seis trabalhadores locais, na cidade de Rosário do Sul.

Colheita da safra 2023 do Azeite Nina. Foto: acervo da produtora

A contratação de trabalhadores locais parece ser uma regra do setor da olivicultura. Luiz Eduardo Batalha, maior produtor individual de azeite no Brasil, e um dos primeiros a colocar seu produto em lojas de varejo, chega a contratar 100 pessoas, além dos 40 funcionários fixos da propriedade. Os trabalhadores são contratados em parceira com o SINE (Sistema Nacional de Emprego) e com a prefeitura de Campos Machado, que fornece os ônibus para transporte. Os trabalhadores recebem refeições e há banheiros químicos em todo o olival. Desde o início da pandemia, o Batalha aperfeiçoou o sistema de turnos, evitando inclusive que os grupos da manhã e da tarde tenham contato. Ou seja, há um protocolo para a contratação.

A produção brasileira de azeite é responsável por menos de 1% do consumo de azeite no país. Quando escrevi a primeira edição do Extrafresco: O guia de azeites do Brasil, em 2017, não havia mais que 30 marcas no mercado. Na edição mais atual (à venda na Casa Santa Luzia ou na Livrobits), já há 118 marcas e, para o próximo ano, o número pode passar de 150. Há um consenso, formado até mesmo por experts internacionais, de que estamos no caminho certo. Ana Carrilho, azeitóloga portuguesa responsável pela elaboração dos azeites da Herdade do Esporão, esteve no Brasil em fevereiro para acompanhar a extração do azeite em alguns lagares e comentou comigo: “É bonito ver quanta paixão há nos produtores brasileiros pela produção de azeites”.

Embora as evidências que eu encontrei tenham sido positivas, é bom que o segmento de olivicultura fortaleça os protocolos relacionados à contratação de funcionários. De acordo com Fernandes, presidente do IBRAOLIVA, todos os associados são orientados a trabalhar de acordo com as normas trabalhista vigentes. Com um número crescente de produtores e o amadurecimento dos olivais, a demanda por mão de obra irá crescer. Isto implica na necessidade de protocolos éticos e rígidos para evitar que um bom azeite esconda o gosto rançoso de uma má prática trabalhista. Se isso acontecer, já ficamos combinados: não vai dar para engolir uma resposta do tipo “eu-não-sabia”.

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Azeite brasileiro: retrospectiva 2022

O número de marcas nacionais quintuplicou

Extrafresco: O Guia de Azeites do Brasil 2022-2023

Em abril de 2022, eu tinha identificado 110 marcas de azeites produzidos no Brasil. Entre abril e agosto, quando finalizava a redação do Extrafresco: O Guia de Azeites do Brasil, esse número tinha chegado a 150. Com os originais já em gráfica, nem havia mais tempo de incluir novos produtores no guia, que fechou com a resenha de 118 marcas. Em 2017, a primeira edição apresentava ao consumidor 28 marcas. Em 5 anos, portanto, vemos um crescimento de quase 500%, com azeites originários da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Espírito Santo tem azeite para a moqueca

Dia de Campo em Pedra Azul – ES, organizado por Fabrício Rezende.

Conhecido pelos seus cafés de alta qualidade, o estado do Espírito Santo desponta como um potencial produtor de excelentes azeites. Este ano, Aracê e Quinta do Manacá já comercializaram seus azeites, ainda que em pequena escala. A Olives, associação de produtores do estado, também produziu um lote a partir das azeitonas dos seus associados. Ao todo, são 288 hectares e 144 produtores em 18 municípios. Se a Bahia tem dendê para sua moqueca, não vai faltar azeite para a moqueca capixaba.

O Rio Grande do Sul tem azeite para todo mundo

RS Innovation Stage na Expointer 2022

A safra de 2022 rendeu 448,5 mil litros de azeite no Rio Grande do Sul, de acordo com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural. É maior produção registrada até agora. Além da entrada de novos olivais em produção, técnicos e agrônomos afirmam que novas tecnologias auxiliaram no aumento da produtividade. O estado destaca-se pelo forte incentivo público, com a participação da Secretaria de Inovação, Tecnologia e Ciência (SICT) atuando também no desenvolvimento da cadeia. Fui convidado pela SICT para uma palestra na Expointer 2022, cujo auditório estava lotado de gente interessada em olivicultura.

O Brasil é reconhecido internacionalmente

Antonio Lauro, do EVO IOOC, entrega prêmio de melhor da América do Sul para Chris Vogt, do azeite Milonga

O Extrafresco 22/23 já estava na gráfica e continuavam chegando notícias de premiações internacionais para os azeites brasileiros. Em que pesem as limitações metodológicas de algumas competições, a conclusão geral é: sabemos produzir azeites de qualidade e somos reconhecidos em todo o mundo. Destacam-se o Sabiá, que ficou entre os dez melhores azeites do mundo no prestigiado ranking espanhol Evooleum – a primeira vez que um azeite brasileiro alcança este posto e o Milonga, reconhecido pelo EVO IOOC, na Itália, como o melhor azeite do Hemisférioo Sul.

Selos começam a orientar o consumidor

Seleção do Selo Produtos Premium em Porto Alegre

Com o crescimento do mercado, é natural que seja necessário um maior controle da qualidade. Para além do ufanismo oba-oba-olha-que-legal-temos-azeite no Brasil, é preciso garantir que este azeite tenha um bom padrão de qualidade.  Atento a isso, o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), em parceria com a SICT-RS, lançou neste ano o Selo Produto Premium, com critérios técnicos e sensoriais. Dividi com o colega Marcelo Scofano a condução da prova dos azeites, que ao final concedeu o selo para 29 marcas gaúchas. No Sudeste, a Assolive (Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira e Sudeste) também criou um selo de de origem certificada, que precisa ser renovado a cada ano. Os critérios específicos de cada selo estão no Extrafresco: o Guia de Azeites do Brasil 22/23.

Produtores brasileiros investem em gestão ambiental

Energia solar para 100% da operação do lagar da Fazenda Irarema

É um consenso mundial de que o Brasil tem potencial para liderar soluções ambientais que ajudem a mitigar eventos climáticos decorrentes do aquecimento global. Durante as entrevistas para o Extrafresco, este tema surgiu de maneira bem mais evidente que nos anos anteriores. O Lagar H investiu tanto na certificação de Empresa B como na certificação LEED para edificações sustentáveis. Marcas como Nina, PurOliva, Verde Oliva, Vikaz e ZET oferecem azeites orgânicos, biodinâmicos ou de mínima intervenção.

Corre que o MAPA vem aí

Laboratório móvel de análise do MAPA

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), intensificou a investida contra azeites importados e com suspeita de fraude. Desde 2017, o controle sobre fraudes tem se intensificado e conta agora com um laboratório de análise sensorial reconhecido pelo Conselho Oleícola Internacional. Nunca tivemos uma ação tão efetiva para coibir a venda de azeites de baixa qualidade. O efeito foi imediato: compradores de redes de varejo afirmam que já notaram maior preocupação no exterior com a qualidade do azeite exportado para o Brasil.

Novo livro com a história do azeite brasileiro

Azeite-se, de Ana Beloto

A azeitóloga Ana Beloto lançou, em abril de 2022, o livro Azeite-se, que faz um belo registro histórico da olivicultura no Brasil, com fotos inéditas e receitas com a consultoria gastronômica de Pedro Frade, chef brasileiro que figura no ranking da Forbes 2022 de brasileiros mais influentes com menos de 30 anos.

Mais pontos de distribuição para o azeite brasileiro

Loja da Estância das Oliveiras, no Cais Embarcadero em Porto Alegre – RS.

Está entre as cinco perguntas que mais ouço quando falo de azeite brasileiro: “por que eu não encontro esse azeite no supermercado?”. Apesar de marcas como Batalha já estarem presentes no varejo há um tempo, o azeite brasileiro ainda é um produto de nicho, com distribuição fragmentada. Mas pouco a pouco, novos canais começam a surgir. Duas novas lojas prometem se juntar ao tradicional Empório dos Azeites de Gramado. Em São Paulo, acaba de ser inaugurada, pela chef Pérola Polillo, a Azeite Experience, uma loja charmosa no mercado de Santo Amaro. Em Porto Alegre, faltam apenas últimos ajustes para a loja do azeite Estância das Oliveiras no Cais Embarcadero. Desde janeiro, a BRME, uma loja online especializada em vinhos, destilados, cafés e chocolates produzidos no Brasil me procurou para fazer uma curadoria de azeites nacionais. Além disso, também é possível encontrar na Braz Pizzaria um ótimo azeite selecionado pela Ana Beloto e produzido pelos azeites Batalha.

Lançamento do Extrafresco: o Guia de Azeites do Brasil 2022/2023

Extrafresco: O Guia de Azeites do Brasil 2023-2024

Pelo sexto ano seguido, provei pelo menos uma variedade de azeite de todos os produtores nacionais e, em outubro, ficou pronta a quarta edição do Extrafresco: O Guia de Azeites do Brasil 2022/2023. Assim como em 2018, fiz questão de que essa edição fosse bilíngue, para aumentar a repercussão da nossa qualidade. O guia apresenta 118 marcas (de um total de 150), com notas de degustação, receitas e dicas de passeio por olivais, outro ponto de destaque da olivicultura nacional. É possível comprar o guia no site da editora Livrobits.

O azeite se junta ao café, aos queijos, cachaças e vinhos brasileiros cada vez mais reconhecidos. É motivo para celebrar com um brinde. E se acompanhar algum aperitivo, não precisa ser um fio – pode ser um rio de azeite.

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Extrafresco, o filme!

Poços de Caldas, um clássico destino de lua-de-mel em Minas Gerais, está assentada na base de um vulcão. Passei alguns dias lá registrando a produção de azeites de alta qualidade e conhecendo a região. O resultado está no documentário: Extrafresco: o azeite das terras vulcânicas.

 

 

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Um prêmio para o azeite chinês

O Prêmio de Qualidade Mario Solinas é a mais prestigiada competição internacional de azeites, organizada pelo próprio Conselho Oleícola Internacional. Embora tímida na divulgação, é uma das competições com regras mais rigorosas. Foram divulgados hoje os resultados da edição 2020, que julga separadamente os azeites do hemisfério norte e hemisfério sul. Entre os 157 inscritos, um brasileiro. Não levou o prêmio, mas já tem o mérito de nos colocar lá na competição junto com outros azeites internacionais.

Os concorrentes este ano vieram da Algéria, Argentina, Austrália, Brasil, China, Croatia, Espanha, Grécia, Irã, Itália, Marrocos, Portugal, Tunísia e Turquia. Espanha e Portugal enviaram o maior número de amostras, 77 e 32, respectivamente. Mas é curioso que a China, que enviou apenas 2 amostras, tenha emplacado o primeiro prêmio na categoria frutado médio. O vencedor dessa categoria é um azeite espanhol. Pelo hemisfério sul, o ganhador foi um azeite australiano. Tunísia e Portugal levaram alguns prêmios, mas a grande vencedora da competição é a Espanha, com 15 classificações.

A temporada de competições em 2020 está, evidentemente, prejudicada pelas medidas restritivas adotadas por todos os países para contar a disseminação do COVID-19. Algumas competições foram suspensas e outras ainda aguardam para tomar providências. Mas os produtores brasileiros estão terminando a colheita e extração do azeite e eu já tive a oportunidade de experimentar azeites incríveis.

Sigo aproveitando a quarentena com muito azeite à minha volta, testando receitas e fazendo as últimas revisões da nova edição do Guia de Azeites 2020, com lançamento previsto para maio, quando todos os novos azeites brasileiros chegam ao mercado. Aliás, o guia passa a se chamar Extrafresco: O Guia de Azeites do Brasil, para lembrar a todos, sempre, que azeite bom é azeite jovem.

A lista completa dos premiados está aqui, copiada direto do press-release do COI.

PRIZE WINNERS OF THE 2020 INTERNATIONAL OLIVE COUNCIL MARIO SOLINAS QUALITY AWARD

First prize

Intense green fruitiness:  S.C.A. Nuestra Sra. De los Remedios, Oro de Cánava – Jimena (Jaén) – Spain

Medium green fruitiness:  Yihai Kerry Investments Co.Ltd, Olivoila – Shangai – China

Mild green fruitiness:  Sociedad Cooperativa Andaluza San Sebastián – Guadalcanal (Seville) – Spain

Ripe fruitiness:  Olis Solé, S.L. – Mont-Roig del Campo (Tarragona) – Spain

Southern Hemisphere:  Cobram Estate – Murray – Australia

Second prize

Intense green fruitiness: S.C.A. Agrícola de Bailén Virgen de la Zocueca – Picualia – Bailén (Jaén) Spain

Medium green fruitiness: Les Conserves de Meknès, Olea Food, S.A. – Meknès – Morocco

Mild green fruitiness: Casa Juncal – Oro Bailen – S.L.U. – Villanueva de la Reina (Jaén) – Spain

Ripe fruitiness: Huilerie Bechir Jarraya – Mateur – Tunisia

Third prize

Intense green fruitiness: Almazaras de la Subbética, S.L., Carcabuey (Jaén) – Spain

Medium green fruitiness: S.C.O. de Valdepeñas, Colival – Valdepeñas (Ciudad Real) – Spain

Mild green fruitiness: Oleomorillo, S.L., Basilippo – El Viso del Alcor (Seville) – Spain

Ripe fruitiness: Olivko – Tunis – Tunisia

FINALISTS

Intense green fruitiness:
1st Aceites Perales de Baeza – Pradolivo – C.B. – Baeza (Jaén) – Spain

2nd Hispasur Aceites, S.L. – Priego de Córdoba (Córdoba) – Spain

3rd El Labrador, sat 8064 – Fuente la Piedra (Málaga) – Spain

Medium green fruitiness:

1st Manuel Molina Muñoz e Hijos, S.L. – Almedinilla (Córdoba) – Spain

2nd Sovena Portugal Consumer Goods, S.A. – Algés – Portugal

3rd SAOV Sociedade Agrícola Ouro Vegetal, Lda. – Alferrarede (Abrantes) – Portugal

Mild green fruitiness:

1st Aceites Olivar del Valle, S.L. – Bolaños (Ciudad Real) – Spain

2nd Compagnie Générale des Industries Alimentaires, COGIA – Sousse – Tunisia

3rd Entre Caminos Selección, Escalera Álvarez, Sat – La Roda de Andalucía (Seville) – Spain

Ripe fruitiness:
1st Domaine Fendri – Sfax – Tunisia

2nd Quinta do Castro, S.A. – Sabrosa (Vila Real) – Portugal

3rd Agrícola la Maja, S.L. – Mendavia (Navarra) – Spain

 

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Senta que lá vem história

Era uma vez um país em que chegou um português, arregalou os olhos e escreveu: “Em se plantando tudo, dá!”. O país plantou cana-de-açúcar e deu tanto que adoçou toda a Europa. Plantou café e deu tanto que exportou energia para todo o mundo. Já oliveiras não plantou, porque os portugueses não viam com bons olhos a concorrência com seus azeites e espalhou-se a lenda de que tudo dava mas oliveira não. O país passou alguns séculos importando azeite (enquanto isso, plantava milho, soja e exportava frango e porco).

Há pouco mais de uma década, alguns agricultores decidiram desafiar o senso comum e pouco a pouco começaram a implantar olivais em regiões mais frias do país. Descobriram que, pelo contrário, as oliveiras que são provenientes de climas mais áridos e solos mais pobres, até cresciam demais por aqui.

A partir de 2006, começara a extrair azeite em terras brasileiras. Desconfiada, muita gente perguntou: “Mas azeite brasileiro é bom mesmo? O melhor azeite não é o português, o grego, o italiano?”. Como mostrar que esse azeite era bom? Os olivicultores começaram a mandar amostras para competições internacionais. Ganha-se um prêmio aqui, dois acolá, cinco na Itália, onze em Nova Iorque e pronto: temos a confirmação de que em se plantando, tudo dá e ainda fica muito bom. Dá um trabalho enorme  — só quem plantou as árvores e ficou cinco anos esperando frutificarem sabe — mas dá.

Por que é importante um concurso de azeites brasileiro

No encerramento do concurso debatemos eu, Marcelo Scofano, azeitólogo do RJ e Edgardo Pacheco (autor do livro 100 Melhores Azeites de Portugal) — também participou da conversa professora Isabel Kasper, do RS.

Nesta segunda semana de agosto do ano da graça de 2019, mais uma vez fizemos história: foi realizada a primeira competição internacional de azeites sediada no Brasil. O que significa isso para o azeite brasileiro?

  • estamos definitivamente no circuito internacional de regiões reconhecidas não só como produtoras, mas com gente apta a avaliar e reconhecer os melhores azeites do mundo. O concurso avaliou 93 azeites de 7 países diferentes. Entre eles Peru, Líbano, Portugal e Espanha.
  • foi a primeira vez em que se reuniram os principais profissionais brasileiros capacitados para degustar azeites. Muitos se conheciam, mas nunca tinham estado juntos na mesma sala, provando os mesmos azeites. Essa calibração é bastante importante, já que esses profissionais estão o tempo todo em contato com os produtores. Isso ajuda não só a alinhar-se com o padrão internacional, como a afinar a percepção de características próprias dos azeites brasileiros.
  • a avaliação profissional e sistemática dos azeites influencia um ciclo positivo de melhora de qualidade em toda a produção.

Mas quem ganhou?

Se você leu o bloco acima atentamente, já chegou à conclusão de que todos os produtores e consumidores brasileiros sairam ganhando. Foi emocionante julgar os azeites e torcer pela presença de brasileiros entre os premiados. O grande ganhador foi o azeite português Quinta dos Paços, mas quatro azeites gaúchos figuram na lista dos top ten. São eles:

O Capolivo está em seu segundo ano. Eu já tinha experimentado o azeite em 2018 e há uma diferença notável na safra de 2019. Não só está entre os melhores, mas ainda levou o Best of South America. O La Pataca foi extraído no lagar da Olivas do Sul, que figura com um monovarietal nos top ten, mas teve também outros quatro azeites premiados, o que atesta a competência da equipe que está fazendo a extração em Cachoeiras do Sul. O Prosperato é um produtor brasileiro que tem consistentemente ganhado prêmios no exterior.

E onde eu encontro?

Jeito mais fácil de encontrar: compre pelo site dos produtores E atenção: a lista acima é só a dos top ten. Há outros ótimos azeites com medalhas de ouro, prata e bronze, como se vê na lista abaixo (a lista completa incluindo os azeites estrangeiros está disponível no site do Brazil IOOC.

Um estreante na lista do melhores

Quando, no minuto final do júri, o presidente anunciou os dez melhores, todos ficaram surpresos com o azeite La Pataca. Quem é esse brasileiro que ninguém do grupo conhecia? Mal cheguei em casa, fui correndo procurar o contato do produtor. Liguei para ele, Rodrigo Sgorla, e batemos um papo ao telefone.

Rodrigo está localizado na cidade de São Francisco do Sul, nos campos do alto da serra gaúcha, região que ninguém acreditava que daria para produzir azeite. Mas deu! Rodrigo me contou ao telefone que a família sempre lidou com comércio de alimentos e ele buscava uma cultura perene e queria produzir algo de qualidade. Já criou coelhos, já cuidou do negócio de queijos da família, mas é na olivicultura que está apostando para construir sua história. E nome La Pataca vem das moedas de ouro encontradas na região, que era rota de tropeiros.

Rodrigo Sgorla, o produtor do La Pataca.

Os azeites La Pataca podem ser encontrados nas lojas da família Sgorla, em Caxias do Sul, em dois endereços:

Rua Ernesto Alves, 2205 – Bairro Centro
Rua Angelina Michelon 338 – Bairro Lourdes

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Azeite, o melhor amigo do pão

Aposto que quando você pensa em azeite, já lembra imediatamente de um belo pedaço de pão mergulhando no líquido dourado, raspando o fundo do prato. Azeite e pão são assim como homem e cão, melhores amigos um do outro.

Quer uma prova? O Luiz Américo Camargo acabou de lançar “Direto ao Pão – Receitas Caseiras para Todas as Horas”, um livro perfeito para quem gostar de produzir seus próprios pães. Eu fui conferir no índice remissivo e adivinha qual ingrediente aparece mais vezes, depois da farinha? Azeite, claro, citado em 21 páginas. As manteigas que me perdoem (elas aparecem em 13 páginas), mas o azeite é fundamental.

Produzido pela Rita Lobo, “Direto ao Pão” é, possivelmente, o melhor manual já publicado em língua portuguesa para que cozinheiros amadores produzam seus próprios pães. Luiz Américo já lançou há alguns anos o “Pão Nosso” que, apesar de ser um livro incrível, estava preso a um certo dogmatismo da fermentação longa ou natural. Na noite de autógrafos o Luiz me perguntou: “Está fazendo pães?”. Eu comentei que, pelo menos em São Paulo, o acesso a pães de fermentação natural melhorou tanto nos últimos anos, que eu decidi aposentar o meu fermento, mas continuo fazendo pães de fermentação biológica. E para esses pães, o livro apresenta um passo-a-passo para qualquer um bote o forno pra funcionar.

Os destaques de “Direto ao Pão”

A produção da Rita Lobo

Rita Lobo, que produziu o livro, é uma cozinheira atenta às dúvidas fundamentais de cozinheiros amadores. Sabe que o se o azeite é amigo do homem, o tempo é inimigo do pão caseiro. Uma das coisas mais espertas do livro é dividir as receitas pelo tempo que levam para ficar prontas. Se você só tem duas horas, pode fazer um Soda Bread. É feriado e quer investir num pão mais elaborado? Há uma seção de receitas com pães que levam 6 horas para ficarem prontas. Todas as receitas passaram pelo crivo da Rita e da equipe do Panelinha para garantir a facilidade de reprodução.

Os acompanhamentos

Pão pede acompanhamento. O livro tem também receitas de ricota caseira, hummus, barriga de porco, entre outros. É como nos programas da Rita, tudo explicadinho para não deixar dúvidas.

Um bate-papo com Luiz Américo

Para além das explicações técnicas, Luiz Américo dialoga com o leitor em alguns textos que lembram por quê ele foi, por um longo período, um dos críticos gastronômicos mais respeitados do país.

E que azeite fica melhor com o pão?

O melhor azeite possível. É muito raro encontrar um azeite abaixo de R$ 14,00 reais que não tenha origem suspeita. Na semana passada, uma fábrica enorme de azeites falsificados foi encontrada em SP. Além do preço, verifique onde o azeite é envasado. Azeites que são comprados a granel e envasados no Brasil já podem chegar aqui defeituosos e são mais passíveis de falsificação. O melhor azeite possível normalmente começa a partir dessa faixa de preço.

No supermercado, compre duas marcas de azeites. A tradicional, que você leva sempre e uma diferentona. Compre sem medo e compare o sabor das duas. É assim que a gente começa a reconhecer as diferenças de aroma e sabor. Experimente as duas com diferentes pães. Alguns azeites ressaltam a doçura do pão, outros o amargor. E não custa insistir, não compre o só azeite pela acidez. Já publiquei anteriormente O que significa a acidez do azeite e também O que significa o índice de peróxidos no azeite

Lembre-se que, assim como o pão, azeite é melhor quando está fresco. A safra europeia ocorre em novembro e dezembro. A safra brasileira, fevereiro e março. A chilena, maio e junho. Quando mais próximo da data de extração, melhor estará o azeite. Fique atento às pegadinhas: algumas ofertas em supermercado são de azeites de safras passadas, que já não estão no auge do sabor.

Experimente os brasileiros. Alguns azeites produzidos no Brasil conquistaram premiações expressivas no exterior. São mais caros, já que a nossa produção ainda não tem escala, mas vão deixar você de boca aberta.

Então, direto ao pão, porque o livro é o melhor amigo do homem e o pão, o melhor amigo do azeite. O livro está disponível na Livraria da Vila, Martins Fontes, Amazon e livraria do SENAC.

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Sopa de siglas: como ler rótulos de azeite e evitar pegadinhas

Baixa a temperatura, aumenta a vontade de uma boa sopa. Sopa, pão, azeite, vinho e amigos – é juntos e shallow now! E para a sorte dos brasileiros, nossos azeites estão no auge do seu frescor, já que a extração terminou em março, os azeites foram decantados e filtrados e estão chegando às gôndolas.

Ou não. Dei uma volta por algumas boas lojas de São Paulo faz menos de um mês e encontrei azeites da safra passada, extraídos em 2018. De acordo com o rótulo, eles estão dentro da validade de 24 meses. Mas já estão envelhecidos e não faz sentido compra-los se temos azeite novo à disposição.

O que acontece com um azeite quando ele envelhece?

Muita gente se acostumou a comprar azeites levando em conta a baixa acidez. O post mais acessado do 1LA é aquele em que eu explico que acidez não é o único parâmetro de qualidade de um azeite. Uma coisa que não contei nesse post é que a acidez é um parâmetro químico razoavelmente estável, que não varia com o tempo. Ou seja, é um excelente indicador de qualidade na extração, mas não conta nada sobre o envelhecimento do azeite. Logo abaixo da acidez, nos rótulos, aparece um item chamado “Índice de Peróxidos” e esse, sim, conta bastante sobre a evolução do azeite.

O que são os peróxidos?

Peróxidos são uma espécie de bola de cristal para se prever como um azeite vai se degradar. Simplificando bastante, são os primeiros elementos que surgem quando um azeite começa a se oxidar. O valor dos peróxidos aumenta, chega a um pico e depois diminui. E não diminui exatamente porque os peróxidos desaparecem. Pelo contrário, eles se degradam mais ainda e dão origem a aldeídos e cetonas, que são os responsáveis pelo sabor rançoso de azeites velhos. Ou seja, se o índice de peróxidos já está alto no início, é possível prever que o azeite vai se degradar mais rápido.

Tem peróxido no meu azeite?

Sempre tem, porque o processo de evolução química nunca para (usei evolução química só para evitar a palavra “degradação”, mas foi um eufemismo meu). O limite máximo, previsto em lei, para peróxidos em um azeite é 20 meqO2/kg (miliequivalentes de oxigênio por quilo). Um bom azeite tem menos que 12. Um excelente azeite tem menos que 8.

Como está o índice de peróxido dos azeites brasileiros?

Está uma maravilha. Escolhi aleatoriamente três garrafas de azeite brasileiro da safra 2019. O azeite Sabiá da Mantiqueira tem um índice de peróxidos de 1,38. O Olivas do Sul, que estampa esse índice na parte da frente do rótulo, 2,89. O Costa Doce, 3,97. Todos, portanto, bem abaixo do valor de referência de 20 meqO2/kg.

Olha a pegadinha do peróxido!

Para comparar, peguei um azeite português que eu gosto bastante e verifiquei o rótulo. O índice de peróxidos está apenas indicado como igual ou menor ao 20. Ou seja, dentro dos parâmetros exigidos pela lei, mas não ajuda a entender a qualidade do azeite. E aqui é importante pensar pelo lado do produtor: às vezes ele precisa economizar na impressão dos rótulos e em vez de imprimir uma tiragem para cada índice, imprime uma quantidade grande apenas especificando o valor de igual ou menor que 20 meqO2/kg.

Olha a pegadinha do rótulo!

Não há exigência legal para data de validade no rótulo dos azeites. O prazo que consta no rótulo, normalmente de 24 meses, é apenas uma convenção adotada por produtores. Na mesma garrafa do Costa Doce que está à minha frente, o prazo de validade é de 12 meses (vale lembrar que o escoamento da produção atendendo às demandas do mercado e contando com uma única safra por ano é um dos maiores dilemas dos olivicultores). Melhor que olhar validade, é olhar a data de extração para garantir que está comprando azeite bem jovem.

O que eu faço com isso?

Faça sopa e use o azeite mais jovem que você puder ter em mãos! Sirva a sopa com pão, vinho e conte para os amigos o que são os peróxidos.

Veja as receitas de sopa que já publiquei por aqui:

Sopa cremosa de milho

Sopa de alho-poró com cerveja

Sopa de abóbora australiana

Sopa de grão-de-bico com limão

Avgolemono

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Com que garoupa eu vou: um papo sobre azeite com a turma do Maní

Neste sábado, a convite do restaurante Maní, dei uma aula sobre azeites para os trainees do programa Lab.Maní, um curso que dura que 04 meses e que treina cozinheiros em todas as etapas da cozinha do restaurante. O programa já está na 15ª turma e as inscrições abertas para as próximas turmas estão abertas. Eu confesso que tenho muita vontade de participar como aluno. O Maní é um restaurante contemporâneo premiadíssimo, que fica em São Paulo. A chef, Helena Rizzo, já foi eleita a melhor chef do mundo.

O objetivo do nosso primeiro encontro foi começar a treinar os cozinheiros para reconhecer o que é um bom azeite, além de pensar nas suas possibilidades de uso. Compartilho abaixo algumas ideias que trocamos na aula.

Rótulo não define a qualidade

Os rótulos, de maneira geral, seguem a legislação vigente. Mas o simples fato de obedecer a parâmetros legais de rotulação não é suficiente para atestar as qualidades organolépticas de uma marca. Na aula, experimentamos um azeite libanês que, se foi bom um dia, nunca saberemos. A garrafa transparente e o longo caminho que esse azeite percorreu até chegar ao Brasil fez com que ele já estivesse completamente rançoso. Ou seja, é preciso treinar o nariz e criar um repertório.

Azeite sem filtro

No Brasil, há muitos produtores que apostam em azeites não filtrados. Neste caso, o sabor é bem mais marcante, mas as micropartículas que ficam presentes no óleo vão acelerar os processos enzimáticos de degradação. Para não filtrados o prazo de validade é menor. O prazo legal continua sendo de dois anos, mas a essa altura ele já não vai estar gostoso e vai ter perdido os benefícios que tem para a saúde.

Com que garoupa eu vou

A regra básica de escolha de azeites para um prato é a harmonização entre a intensidade do prato e a intensidade do azeite. Conversamos muito sobre peixes, que em princípio, vão melhor com azeites suaves e médios. Mas não faltaram ideias para harmonizar os azeites intensos com outros peixes de sabor mais intenso – afinal, a turma é do Maní e criatividade ali existe de sobra.

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Azeite brasileiro

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A produção de azeites no Brasil é recente. Algumas tentativas foram feitas no passado mas foi apenas nos últimos 10 anos que a olivicultura se consolidou. Estima-se que existam aproximadamente 300 olivicultores no país, desde grande produtores como Luiz Eduardo Batalha, no Rio Grande do Sul, cujo volume de produção já possibilita estar presente em cadeias de varejo até Luiz Rossini, pequeno produtor da cidade de Santo Antônio do Pinhal que vende seus azeites por encomenda.

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Onde são produzidos os azeites brasileiros?

As oliveiras precisam de frio para produzir frutos. Por isso grande parte da produção brasileira concentra-se no Rio Grande do Sul e nas serras entre Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, particularmente a Serra da Mantiqueira. Mas já há produtores também no Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina.

Azeitona para azeite e azeitona de mesa são a mesma coisa?

Algumas oliveiras produzem frutos mais adequados para extração de azeite. Outras produzem frutos mais adequados para a mesa. E há variedades, como a arbosana, que têm dupla aptidão, ou seja, você decide o que vai fazer com o fruto. Mas a produção brasileira de azeitonas de mesa ainda é bastante pequena.

Dá para visitar e conhecer um olival e um lagar?

Vários produtores estão investindo no olivoturismo. É possível fazer passeios ao olival e degustação na Fazenda Irarema, em Poços de Caldas – MG. Na época da colheita em fevereiro, é possível ver a extração do azeite no lagar. Também há um lindo projeto associado à preservação ambiental na Olibi, em Aiuruoca – MG. No RS, vários produtores recebem para visitas ao olival e degustação dos azeites.

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